Numa cidade não muito distante existia um taxista chamado Zé Bolacha. Era um cara boa praça, trabalhador e com uma família grande para sustentar. Era um rapaz que adorava ouvir rádio o dia inteiro.
Num belo dia foi convidado por um veterano do rádio para se tornar repórter esportivo de uma pequena rádio. O experiente chefe negociava mais de 20 mil reais: pegava um pouco com dirigente de clube ou com empresa de amigo. O rádio era uma diversão para o veterano, que via no sonho ingênuo de Zé Bolacha uma chance de pagar pouco para ter um trabalhador esforçado no seu microfone.
O repórter Zé cresceu ouvindo Washington Rodrigues e Dennis Menezes. Autodidata, aprendeu rápido o ofício e foi ganhando experiência com o passar do tempo.
No mercado já existiam aqueles que se diziam os herdeiros da terra. Caras que fizeram um curso universitário ou simplesmente defendiam que antiguidade era posto.
Com o tempo o repórter/taxista passou a perceber que ele lia mais jornal que os ilustres colegas. Passou a notar que era tão bom quanto à maioria dos que estavam ali durante anos, ganhando dinheiro de anunciantes, empresários e de dirigentes de clubes.
Outro dia soube que Zé largou a profissão, desanimado por não fazer parte de nenhuma panelinha. O seu sonho sustentou os negócios de muita gente.
Zé não era pequeno. Ele mandava muito bem.
extraido/blogradiodeverdade
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